10 abril, 2010

Quase

Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez, é a desilusão de um Quase. É o Quase que me incomoda, que me entristece, que me mata, trazendo tudo o que poderia ter sido e não foi. Quem Quase ganhou, perdeu! Quem Quase passou, reprovou! Quem Quase amou, não amou! Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perderam por medo, nas ideias que nunca saíram do papel, por essa maldita mania de viver no Outono. Pergunto-me às vezes o que nos leva a escolher uma vida morna, a resposta eu sei de cor, está estampada na distância e na frieza dos sorrisos, na falta dos abraços, na indiferença de um “bom dia” quase sussurrando. Sobra covardia e até falta de coragem para ser feliz.
A paixão queima!
O amor enlouquece!
O desejo trai! Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, mas não são. Se a virtude estivesse mesmo no meio termo…
O mar não teria ondas!
Os dias seriam nublados!
O arco-íris seria em tons de cinza! O nada não ilumina, não inspira!
Não aflige… não acalma… apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si. Preferir a derrota prévia à dúvida da vitória, é desperdiçar a oportunidade de merecer. Para os erros, perdão!
Para os fracassos, chances!
Para os amores impossíveis, tempo! De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma.
Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor, não é romance. Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar. Desconfie do destino e acredite em si. Gaste mais horas realizando do que sonhando…, fazendo do que planejando…, vivendo do que esperando… Porque, embora quem Quase morreu esteja vivo, quem Quase vive já morreu…

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