29 maio, 2011

A lição do jardineiro




Um dia, o executivo de uma grande empresa contratou, pelo telefone, um jardineiro autônomo para fazer a manutenção do seu jardim.

Chegando em casa, o executivo viu que estava contratando um garoto de apenas 15 ou 16 anos de idade.

Contudo, como já estava contratado, ele pediu para que o garoto executasse o serviço.

Quando terminou, o garoto solicitou ao dono da casa permissão para utilizar o telefone e o executivo não pôde deixar de ouvir a conversa.

O garoto ligou para uma mulher e perguntou:

"A senhora está precisando de um jardineiro?"

"Não. Eu já tenho um", foi a resposta.

"Mas, além de aparar a grama, frisou o garoto, eu também tiro o lixo."

"Nada demais, retrucou a senhora, do outro lado da linha. O meu jardineiro também faz isso."

O garoto insistiu: "eu limpo e lubrifico todas as ferramentas no final do serviço."

"O meu jardineiro também, tornou a falar a senhora."

"Eu faço a programação de atendimento, o mais rápido possível."

"Bom, o meu jardineiro também me atende prontamente... nunca me deixa esperando, nunca se atrasa."

Numa última tentativa, o menino arriscou: "o meu preço é um dos melhores."

"Não", disse firme a voz ao telefone. "Muito obrigada!

O preço do meu jardineiro também é muito bom."

Desligado o telefone, o executivo disse ao jardineiro:

"Meu rapaz, você perdeu um cliente."

"Claro que não", respondeu rápido.

Eu sou o jardineiro dela.

Fiz isto apenas para medir o quanto ela estava satisfeita comigo."

Em se falando do jardim das afeições, quantos de nós teríamos a coragem de fazer a pesquisa deste jardineiro?

E, se fizéssemos, qual seria o resultado?

Será que alcançaríamos o grau de satisfação da cliente do pequeno jardineiro?

Será que temos, sempre em tempo oportuno e preciso, aparado as arestas dos azedumes e dos pequenos mal-entendidos?

Estamos permitindo que se acumule o lixo das mágoas e da indiferença nos canteiros onde deveriam se concentrar as flores da afeição mais pura?

Temos lubrificado, diariamente, as ferramentas da gentileza, da simpatia entre os nossos amores, atendendo as suas necessidades e carências,com presteza?

E, por fim, qual tem sido o nosso preço?

Temos usado chantagem ou, como o jardineiro sábio, cuidamos das mudinhas das afeições com carinho e as deixamos florescer, sem sufocá-las?

O escorpião e o sábio




Certa vez, na Índia, um sábio passava, com seu discípulo, à margem do rio Ganges, quando viu um escorpião que se afogava.

Ele então correu e, com a mão, retirou o animalzinho, e o trouxe à terra firme.

Naquele instante, o escorpião o picou... Dizem que é uma dor terrível...Inchou a mão do sábio.

Assim que ele o colocou no chão, pacientemente, o escorpião voltou para a água.

E ele, com a mão já inchada, debaixo daquelas dores violentas, vai e o retira novamente.

E o discípulo a observar...

Numa terceira vez que ele traz o escorpião, já com a mão bastante inchada e as dores violentas, ele o põe mais distante em terra.

Aí, o discípulo já não suporta mais aquilo, e diz:

- Mestre, eu não estou entendendo...este animal...é a terceira vez que o senhor vai retirá-lo da água e ele pica sua mão dessa maneira.

O senhor deve estar sofrendo dores horríveis...

E ele, com a fisionomia plácida das almas que conhecem o segredo do bem, daqueles que já realmente conquistaram um território de amor e de renúncia no coração; que têm a visão das verdades celestes, vira-se para o discípulo e diz:

- Meu filho, por enquanto a natureza dele é de picar, mas a minha é de salvar !

Águia ou Galinha?




Uma das parábolas mais bonitas que já tomei conhecimento foi contada por James Aggrey e relatada por Leonardo Boff no bonito livro A Águia e a galinha conta Aggrey:

Era uma vez um camponês que foi a uma floresta vizinha apanhar um pássaro para mantê-lo em sua casa, conseguiu pegar um filhote de águia, colocou-o no galinheiro junto com as galinhas, comia milho e ração própria para galinhas, embora a águia fosse a rainha de todos os pássaros.

Depois de dois anos, este homem recebeu a visita de um naturalista, enquanto passeavam pelo jardim, disse o naturalista:

- Este pássaro não é uma galinha. É uma águia!
- De fato, - disse o camponês.
- É águia. Mas eu a criei como galinha. Ela não é mais uma águia.

Transformou-se em galinha como as outras, apesar dos quase três metros de extensão das asas.

- Não , retrucou o naturalista... ela é águia e sempre será águia, pois tem coração de águia, esse coração fará que um dia alce vôo.

- Não, insistiu o camponês... ela virou galinha e jamais voará como águia!

Então, decidiram fazer uma prova, o naturalista tomou a águia, ergueu-a bem alto e desafiando-a disse:

- De fato você é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra.

Então abra suas asas e voe... a águia pousou sobre o braço estendido do naturalista, olhava distraidamente ao redor, viu as galinhas lá embaixo, ciscando grãos e pulou para junto delas.

O camponês comentou:

- Eu lhe disse, ela virou uma simples galinha!
- Não, tomou a insistir o naturalista, ela é uma águia e uma águia será sempre uma águia, vamos experimentar novamente amanhã, no dia seguinte, o naturalista subiu com a águia no teto da casa.

Sussurou-lhe:

- Já que você é uma águia, abra as asas e voe!

Mais uma vez , quando a águia viu lá embaixo as galinhas, ciscando o chão pulou e foi para junto delas.

O camponês sorriu .... eu lhe havia dito, ela virou galinha!

- Não, respondeu firmemente o naturalista, ela é águia possuirá sempre um coração de águia, vamos experimentar ainda uma última vez... amanhã a farei voar.
No dia seguinte, o naturalista e o camponês levantaram bem cedo, pegaram a águia levaram-na para fora da cidade, longe de tudo ... bem no alto de uma montanha.
O sol nascente dourava os picos das montanhas, o naturalista ergueu a águia para o alto e ordenou-lhe:

- Voe!

A águia olhou ao redor, tremia como se experimentasse nova vida, mas não voou.
Então o naturalista segurou-a firmemente, bem na direção do sol, para que seus olhos pudessem encher-se da claridade solar e da vastidão do horizonte.

Nesse momento, ela abriu suas potentes asas, grasnou e ergueu-se soberana, sobre si mesma e começou a voar, a voar bem alto....

A parábola de James Aggrey é realmente esplêndida, busca dimensões profundas do espírito, indispensáveis para o processo de realização humana: o sentimento de auto-estima, a capacidade de dar a volta por cima das dificuldades quase insuperáveis.

Cada pessoa tem dentro de si uma águia, ela quer nascer, sente o chamado das alturas, busca o sol e por isso somos constantemente desafiados a libertar a águia que em nós habita.
As pessoas que alçam vôos sublimes são as que se recusam a deitar-se, a suspirar e desejar que as coisas mudem!

Tais pessoas não reclamam sua sorte e tampouco sonham, passivamente, com algum navio longínquo que vai chegando.

Em vez disso, visualizam em suas mentes que não são desistentes; não permitirá o que as circunstâncias da vida as empurrem lá para baixo, e as mantenham subjugadas como galinhas.

Vamos, voe... Voe e vença, ocupe o lugar que é seu no alto do penhasco.