29 maio, 2011

Águia ou Galinha?




Uma das parábolas mais bonitas que já tomei conhecimento foi contada por James Aggrey e relatada por Leonardo Boff no bonito livro A Águia e a galinha conta Aggrey:

Era uma vez um camponês que foi a uma floresta vizinha apanhar um pássaro para mantê-lo em sua casa, conseguiu pegar um filhote de águia, colocou-o no galinheiro junto com as galinhas, comia milho e ração própria para galinhas, embora a águia fosse a rainha de todos os pássaros.

Depois de dois anos, este homem recebeu a visita de um naturalista, enquanto passeavam pelo jardim, disse o naturalista:

- Este pássaro não é uma galinha. É uma águia!
- De fato, - disse o camponês.
- É águia. Mas eu a criei como galinha. Ela não é mais uma águia.

Transformou-se em galinha como as outras, apesar dos quase três metros de extensão das asas.

- Não , retrucou o naturalista... ela é águia e sempre será águia, pois tem coração de águia, esse coração fará que um dia alce vôo.

- Não, insistiu o camponês... ela virou galinha e jamais voará como águia!

Então, decidiram fazer uma prova, o naturalista tomou a águia, ergueu-a bem alto e desafiando-a disse:

- De fato você é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra.

Então abra suas asas e voe... a águia pousou sobre o braço estendido do naturalista, olhava distraidamente ao redor, viu as galinhas lá embaixo, ciscando grãos e pulou para junto delas.

O camponês comentou:

- Eu lhe disse, ela virou uma simples galinha!
- Não, tomou a insistir o naturalista, ela é uma águia e uma águia será sempre uma águia, vamos experimentar novamente amanhã, no dia seguinte, o naturalista subiu com a águia no teto da casa.

Sussurou-lhe:

- Já que você é uma águia, abra as asas e voe!

Mais uma vez , quando a águia viu lá embaixo as galinhas, ciscando o chão pulou e foi para junto delas.

O camponês sorriu .... eu lhe havia dito, ela virou galinha!

- Não, respondeu firmemente o naturalista, ela é águia possuirá sempre um coração de águia, vamos experimentar ainda uma última vez... amanhã a farei voar.
No dia seguinte, o naturalista e o camponês levantaram bem cedo, pegaram a águia levaram-na para fora da cidade, longe de tudo ... bem no alto de uma montanha.
O sol nascente dourava os picos das montanhas, o naturalista ergueu a águia para o alto e ordenou-lhe:

- Voe!

A águia olhou ao redor, tremia como se experimentasse nova vida, mas não voou.
Então o naturalista segurou-a firmemente, bem na direção do sol, para que seus olhos pudessem encher-se da claridade solar e da vastidão do horizonte.

Nesse momento, ela abriu suas potentes asas, grasnou e ergueu-se soberana, sobre si mesma e começou a voar, a voar bem alto....

A parábola de James Aggrey é realmente esplêndida, busca dimensões profundas do espírito, indispensáveis para o processo de realização humana: o sentimento de auto-estima, a capacidade de dar a volta por cima das dificuldades quase insuperáveis.

Cada pessoa tem dentro de si uma águia, ela quer nascer, sente o chamado das alturas, busca o sol e por isso somos constantemente desafiados a libertar a águia que em nós habita.
As pessoas que alçam vôos sublimes são as que se recusam a deitar-se, a suspirar e desejar que as coisas mudem!

Tais pessoas não reclamam sua sorte e tampouco sonham, passivamente, com algum navio longínquo que vai chegando.

Em vez disso, visualizam em suas mentes que não são desistentes; não permitirá o que as circunstâncias da vida as empurrem lá para baixo, e as mantenham subjugadas como galinhas.

Vamos, voe... Voe e vença, ocupe o lugar que é seu no alto do penhasco.

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