23 abril, 2010

O Relojoeiro

Em um subúrbio londrino existia um relojoeiro, já com idade avançada.
Trabalhar, para ele, era a razão de sua vida.
Ensinar seu ofício era um prazer constante.
Poucos, entretanto, tinham a paciência com a qual ele se dedicava aos relógios de todo o tipo. Seus aprendizes não tinham a mesma abnegação e logo desistiam.
Ele já havia consertado muitos relógios ao longo de sua vida. Certa vez, um rico senhor apareceu em sua modesta lojinha.
Com desdém, quase sem disfarçar a repugnância por aquele estabelecimento tão diferente das lojas que ele freqüentava, abordou o humilde artesão. - “Meu caro senhor!
Aqui tenho um relógio muito raro.
Ele está com um defeito que, até agora, nenhum especialista, nesta ilha ou fora dela, conseguiu descobrir.” - “O que podes fazer?!” - “Quanto tempo levarás para consertá-lo?!” Sem disfarçar sua descrença naquela simplória figura, muito distante de sua casta, o empinado senhor, suavemente, pousou o relógio na mesa da oficina.
Já em retirada exclamou: - “Outros especialistas levaram muito tempo com ele e nada consertaram!
Espero que não tome muitos dias para descobrir!” - “Cuidado!! É uma peça rara!” Sem nada dizer o velho calmamente pegou sua lente monocular, buscou em uma caixa de ferramentas uma haste muito fina e longa.
Abriu a raridade e detidamente analisou seu interior.
Com firmeza, adentrou a ferramenta por trás das engrenagens antigas e robustas.
Alcançou uma haste muito delicada, quase invisível.
Recolocou-a no lugar e devolveu o relógio para o impávido aristocrata. - “Aí o tens funcionando perfeitamente!” Ainda sem acreditar no que via, o elegante senhor perdeu a rigidez e quase curvando-se em gratidão exclamou: - “Como pode?! Tão rápido!!! Quanto custa?” Sem titubear o velho respondeu: - “São duas mil libras, caro senhor!” Sem acreditar no que ouvia o petulante cliente exclamou: - “Que ultraje!!
Tal preço por um trabalho que não durou um minuto!!!” Sem querelas, o velho tomou delicadamente o relógio do nobre, introduziu a pinça e retirou a haste de seu recanto.
Devolveu a relíquia para o espantado homem: - “Toma! Vai procurar quem te faça mais barato!” Ao colocar o relógio na condição original, ele impôs o devido respeito que sua excelência reclamava...
Pois sabia que poucos, ou mesmo ninguém, poderia resolver o problema sem danificar a raridade. Como toda fábula, essa traduz-nos verdades simples, colhidas de experiências vivenciadas. Quantos relógios você já consertou em sua carreira?!?!
Quais deles eram raridades?!?!
Pense sempre nessa fábula!!!
Moral da História: Nos ilustra a segurança e a competência geradas pelo conhecimento agregado com trabalho diligente.
O valor cobrado recompensava anos de experiência e dedicação, que permitiram ao mestre corrigir tão rapidamente o defeito. Jefferson Santos

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