13 julho, 2011

Quem matou o Amor?


Houve uma vez, na história do mundo, um dia terrível, em que o Ódio - o rei dos maus sentimentos, dos defeitos e das más virtudes - convocou uma reunião com todos os seus súditos.
 
Todos os sentimentos escuros do mundo e os desejos mais perversos do coração humano chegaram a essa reunião com muita curiosidade, porque queriam saber qual o motivo de tanta urgência.

Quando todos já estavam presentes, falou o Ódio:

- Os reuni aqui porque desejo com todas as minhas forças matar alguém!
 
Ninguém estranhou muito, pois era o Ódio quem estava falando e ele sempre queria matar alguém, mas perguntaram-se quem seria tão difícil de matar que o Ódio necessitaria da ajuda de todos.

- Quero matar o Amor - disse o Ódio.

Muitos sorriram com maldade, pois mais de um ali tinha a mesma vontade.

O primeiro voluntário foi o Mau Caráter:

- Eu irei e podem ter certeza que em um ano o Amor terá morrido, provocarei tal discórdia e raiva que ele não vai suportar.

Depois de um ano se reuniram outra vez e, ao escutar o relato de Mau Caráter, ficaram decepcionados:

- Eu sinto muito, bem que tentei de tudo, mas cada vez que eu semeava discórdia, o Amor superava e seguia seu caminho.
 
Foi então que muito rapidamente ofereceu-se a Ambição para executar a tarefa, fazendo alarde de seu poder, disse:

- Já que Mau Caráter fracassou, irei eu, desviarei a atenção do Amor com o desejo por riqueza e pelo poder, isso ele nunca irá ignorar.

E começou, então, a Ambição o ataque contra a sua vítima, efetivamente, o Amor caiu ferido, mas, depois de lutar arduamente, curou-se: renunciou a todo desejo exagerado de poder e triunfo.
 
Furioso com o novo fracasso, o Ódio enviou os Ciúmes, estes bufões perversos inventaram todo tipo de artimanhas e situações para confundir o Amor, machucaram-no com dúvidas e suspeitas infundadas.

Porém, mesmo confuso, o Amor chorou e pensou que não queria morrer, com valentia e força se impôs sobre eles e os venceu, ano após ano, o Ódio seguiu em sua luta, enviando a Frieza, o Egoísmo, a Indiferença, a Pobreza, a Enfermidade e muitos outros.

Todos fracassavam sempre.

O Ódio, convencido de que o Amor era invencível, disse isso aos demais:

- Nada podemos fazer. O Amor suportou tudo. Levamos muitos anos insistindo e não conseguimos.
 
De repente, de um cantinho do auditório, se levantou um sentimento pouco conhecido e que se vestia todo de preto.
Com um chapéu gigante, ele mantinha o rosto encoberto.
Seu aspecto era fúnebre como o da morte.
 
- Eu matarei o Amor, disse com segurança.

Todos se perguntavam quem seria esse pretensioso que, sozinho, pretendia fazer o que nenhum deles havia conseguido.

O Ódio ordenou:

- Vá e faça!

Havia passado pouco tempo quando o Ódio voltou a convocar a todos para comunicar que finalmente o Amor havia morrido.
Todos estavam felizes mas também surpresos. E o sentimento do chapéu preto falou:
 
- Aqui eu entrego a vocês o Amor, totalmente morto e esquartejado.

E sem dizer mais palavra, encaminhou-se para a saída.

- Espera! - determinou o Ódio, dizendo: em tão pouco tempo você o eliminou completamente, deixando-o desesperado e, por isso mesmo, ele não fez o menor esforço para viver!

Quem é você afinal?

O sentimento, pela primeira vez, levantou seu horrível rosto e disse:

- Sou a Rotina...

Nenhum comentário: