“O amor, quando se revela, não se sabe revelar,
Sabe bem olhar prá você mas não lhe sabe falar,
Quem quer dizer o que sente não sabe o que há de dizer,
Fala: parece que mente
Cala: parece esquecer
Ah, mas se você adivinhasse, se pudesse ouvir o olhar
E se um olhar lhe bastasse prá saber que estou a lhe amar!
Mas quem sente muito, cala, quem quer dizer quanto sente,
Fica sem alma nem fala, fica só, inteiramente!
Mas se isto puder contar-lhe o que já não ouso contar,
Já não terei que falar-lhe porque já lhe estou a falar.”
Fernando Pessoa
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