31 maio, 2008


"Ninguém muda ninguém; ninguém muda sozinho. Nós mudamos nos encontros".
Simples, mas profundo e preciso.
É nos nos transformamos.
Howard Hendricks disse que os dois fatores que mais nos influenciam e nos transformam são os livros que lemos e as pessoas com as quais convivemos.
Pois bem, esses pensamentos saltaram imediatamente à minha mente, quando tive uma prova concreta do quanto somos transformados, do quanto podemos aprender apartir dos encontros, desde que estejamos abertos e livres para sermos impactados pela idéia e sentimentodo outro."Você já viu a diferença que há entre as pedras que estão na nascente de um rio, e as pedras que estão em sua foz? ""As pedras na nascente são toscas, pontiagudas, cheias de arestas.
À proporção que elas vão sendo carregadas pelo rio, sofrendo a ação da água e se atritando com as outras pedras, ao longo de muitos anos elas vão sendo polidas, desbastadas. As arestas vão sumindo.Elas ficam mais orgânicas, menos toscas, mais suaves,lisas, e o melhor: vão ficando cada vez mais parecidas com as outras, sem necessariamente serem iguais. Quanto mais longo o curso do rio, mais evidente é o fenômeno. É a mesma coisa com as nossas vidas. Se nos permitimos estar em contato com as pessoas, sendo conduzidos pelo rio da vida, vamos no atrito positivo, contato com o próximo, eliminando arestas, desbastando diferenças, parecendo-se e harmonizando-se mais uns com os outros, sem necessariamente perdermos nossa identidade "
Pensei bem e vi que se trata de uma verdade.Não nego que alguns desses contatos e atritos nos deixam marcas, tiram lascas de nós. Mas mostre um coração sem marcas e lhe mostro um coração que não amou, que não viveu. Um coração que não chorou, nem sentiu dor - um coração sem sentimentos. E sentimentos são o tempero de nossa existência. Sem eles, a vida seria monótona, árida. O fato é que não existem sentimentos, bons ou ruins, sem a existência do outro, sem o seu contato.Passar pela vida sem se permitir o contato próximo como outro, é não crescer, não evoluir, não se transformar. É começar e terminar a existência com uma forma tosca, pontiaguda, amorfa. Quando olho para trás, vejo que hoje carrego em meu ser várias marcas de pessoas extremamente importantes. Pessoas que, no contato com elas, me permitiram ir dando forma ao que sou, eliminando arestas, transformando-me emalguém melhor, mais suave, mais harmônico, mais integrado.Outras, sem dúvida, com suas ações epalavras, me criaram novas arestas, que precisaram ser desbastadas. Faz parte. Reveses momentâneos. Servem para o crescimento. A isso chamamos experiência.Penso que exista algo mais profundo ainda nessa análise. Começamos a jornada da vida como grandes pedras, cheias de excessos. Os seres de grande valor percebem que, ao final da vida, foram perdendo todos os excessos que formavam suas arestas, se aproximando cada vez mais de sua essência. Quando finalmente aceitamos que somos pequenos, ínfimos, dada a compreensão da existência e importância do outro, e principalmente da grandeza de Deus, é que finalmente nos tornamos grandes em valor.Já viu o tamanho do diamante?Sabe o quanto se tira de excesso para chegar ao seu âmago?É lá que está o verdadeiro valor.Pois Deus fez a cada um de nós com um âmago bem forte e muito parecido, constituído de muitos elementos, mas essencialmente de amor.Deus deu a cada um de nós essa capacidade, a de amar.Mas temos que aprender como.Para chegarmos a esse âmago, temos que nos permitir,através dos relacionamentos, ir desbastando todos os excessos que nos impedem de usá-lo, de fazê-lo brilhar.Por muito tempo em minha vida, acreditei que amar significava evitar sentimentos ruins. Não entendia que ferir e ser ferido, ter e provocar raiva, ignorar e ser ignorado, fazem parte da construção e do aprendizado do amor. Não compreendia que se aprende a amar sentindo-os e superando-os.Ora, esses sentimentos simplesmente não ocorrem se não houver envolvimento.E envolvimento gera atrito.Minha palavra final: atrite-se. Não existe outra formade descobrir o amor. E sem ele a vida não tem significado. Se você acha que não, veja as palavras do Apóstolo Paulo:"Ainda que eu falasse a língua dos homens e dos anjos,e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria".
Atrite-se, desbaste-se, descubra-se...

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